domingo, 23 de abril de 2017

Barreiras Estruturais à Entrada e Saída: Barreiras à Saída e Últimas Considerações

(por Nathan Marx, Katherine F. Picoli e Nicolas Lee)

   Barreiras à saída


   As empresas priorizam hoje atuar em um mercado que tenha mobilidade, sem grandes dificuldades quanto a suas escolhas de troca de setor. Porque nenhum setor tem garantia de geração de lucro, existem mercados com probabilidade de ter melhor retorno financeiro, mas isso depende, em grande medida, de decisões gerenciais. Por isso, em muitos casos, torna-se mais viável entrar mesmo que com barreiras à entrada em um setor que tenha mobilidade caso a empresa precise trocar seu ramo de atividade sem muitas adversidades para tal mudança, ou seja, se houverem poucas barreiras à saída.
   Para abandonar um mercado, a empresa enfrenta barreiras que dificultam a sua saída do setor. Barreiras de saída assemelham-se às de entrada, tendo como diferenciação se a empresa quer desistir do setor ou começar a atuar no mesmo. Nem sempre a saída do mercado é a melhor alternativa, visto que pode custar mais caro do que manter-se em atividade e apenas diminuir a produção.     Algumas das principais dificuldades para encerrar as atividades são os custos das rescisões dos funcionários e a manutenção de diferentes custos fixos sem uma receita proporcional.
   É desvantajoso para a empresa que, por exemplo, opte pela desistência de um mercado internacional quando seu concorrente não atue em seu país de origem. Assim facilita-se a fixação da outra organização naquele país. Observa-se que a infraestrutura já montada e adquirida pela empresa pode acabar por acolher o rival naquele mercado. Em últimos casos, alguns empresários optam por manter a produção mesmo que a qualidade seja alterada para não perder a marca.
   Quando a empresa produz um único produto que seja de grande necessidade para aquela localidade (como para a população de baixa renda, ou no caso de hospitais), o governo impõe barreiras restritivas para evitar o fechamento desta firma (barreiras estruturais; legais, mais precisamente). Ocorre que, por ordem governamental, a empresa pode obrigar-se a seguir suas atividades devido às restrições impostas pelas autoridades a fim de que a empresa mantenha-se fornecendo produtos à população.
  A saída, em geral, torna-se menos atrativa à medida em que existam custos irrecuperáveis, como quando as empresas têm obrigações com fornecedores e passivos trabalhistas que possam inviabilizar a saída. Em outras palavras, a parada de produção e o remanejamento ou liquidação dos ativos de uma empresa pode não ser a melhor opção, caso não valha a pena fazê-lo em determinado momento ou nem mesmo hajam ativos suficientes.


   Um aparte sobre barreiras legais

   No primeiro post deste grupo, foram brevemente citadas as barreiras legais à entrada e saída. Embora a literatura pareça fornecer pouco subsídio à discussão desse tipo de barreira, ele é tão comum e importante quanto os demais. Podemos acrescentar, ainda, que as barreiras legais podem ser classificadas como estruturais, uma vez que já existem quando do ingresso ou saída das empresas; em outras palavras, são barreiras que dependem da estrutura legal de determinado país ou região.
   Um exemplo claro de barreira legal à entrada é a necessidade de alvarás ambientais para exercer determinadas atividades. Em muitos casos, as dificuldades em atender os requisitos para concessão de tais alvarás pode inviabilizar o empreendimento, sobretudo se os custos para adaptações às regras estabelecidas forem elevados (criam-se custos irrecuperáveis). Outro exemplo pode ser a dificuldade ou o excesso de custos na contratação e demissão de funcionários; nesse contexto, a recente aprovação do PL 4302/98, – que permite a terceirização de mão de obra para atividades-fim das empresas – pode configurar uma redução às barreiras de entrada e saída através de um artifício legal.

   Resumo

   As últimas postagens tiveram como objetivo um esclarecimento da teoria acerca das barreiras estruturais à entrada e saída, de modo a fornecer os conceitos fundamentais do assunto em caráter meramente didático. Espera-se que o leitor tenha se familiarizado com o assunto e, se possível, leve consigo ao menos algumas concepções gerais:


  • Entradas e saídas acontecem frequentemente. Conforme Besanko (2012, p. 334), num setor típico, um terço das empresas tem menos de cinco anos de existência, e um terço das empresas deixará o mercado nos próximos cinco anos;
  • As barreiras à entrada resultam de assimetrias entre as empresas atuantes e as entrantes;
  • O conceito de barreira aqui discutido pode facilmente ser associado à noção de vantagem. Empresas atuantes normalmente possuem vantagens sobre as entrantes, as quais podem ou não configurar barreiras à entrada. As barreiras à entrada são vantagens das atuantes, embora nem todas as vantagens sejam barreiras à entrada de novas concorrentes;
  • Ao avaliar a entrada ou saída de um mercado, deve-se dar especial atenção aos custos irrecuperáveis da operação, ou seja, qual o capital a ser investido sem garantias de significativa recuperação;
  • As principais barreiras estruturais de entrada encontradas na literatura sobre o assunto são vantagens absolutas de custos, economias de escala e escopo e vantagens de marketing.


Referências Bibliográficas 

- BESANKO, D. et al. A Economia da Estratégia. 5 ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. 591p. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário