segunda-feira, 26 de junho de 2017

Política Industrial para Inovar

(por Diogo Machado, Leonardo Souza e Luizvaldo Kroll Bujes)

  
   Segundo Schumpeter, lucros “extraordinários” é o incentivo para inovar e a inovação é o motor do desenvolvimento econômico. Em harmonia com esse conceito, é através da inovação que o empresário consegue oferecer produtos diferenciados de qualidade superior ou a custos reduzidos, que lhe permite obter lucros mais elevado do que os outros empresários. Nesse caso, ao introduzirmos constantemente inovações no mercado, a economia será compelida para além da fronteira de possibilidades de produção, em outras palavras, a economia irá crescer com melhores reservas de recursos. No entanto, o inovador tem grande possibilidade de ser plagiado, devido a outros empresários vislumbrarem a oportunidade de ganhos elevados. Essa corrida de inovação versus imitação, ocasiona lucros extraordinários temporários para o inovador, desencadeando um ciclo de investimentos por parte dos outros empresários que leva a difusão da tecnologia introduzida pelo empresário pioneiro, o que gera um crescimento econômico espetacular.
  Diante disso, se analisarmos o parágrafo anterior e enfatizarmos um papel específico da política industrial — entendida como o conjunto de medidas cuja finalidade é fomentar o desenvolvimento da estrutura industrial, com o objetivo de promover a geração e difusão de inovações, capazes de impulsionar ganhos persistentes na produtividade e na qualidade dos bens e serviços. Dessa maneira, a principal orientação da política industrial deveria ser a busca por inovação, que gera capacitação tecnológica.
  Porém, a busca por inovação não é fácil, o desempenho das empresas e organizações de ensino e pesquisa é muito importante para o sistema funcionar, mas não é o suficiente sua interação entre si com outros agentes e instituições — inclusive as políticas — afetam o desenvolvimento do sistema. Embora, dentro do mercado, as empresas operem como  protagonistas, cabe ao Estado ampliar a intensidade do processo seletivo através de instituições que facilitem a geração e difusão de novas tecnologias. Para isso, a política industrial e a política tecnológica superpõem-se e dão lugar à política de inovação. Com o objetivo de estimular um ambiente econômico competitivo, estimulando assim, as empresas a desenvolverem novas capacitações, a articulação e as alianças estratégicas para que essas aumentem as capacitações empresariais num ambiente competitivo mais seletivo. Para que firmas inovadoras queiram disputar posições no mercado, o Estado deve focalizar seus esforços tanto no lado da demanda, através de subsídios para agentes interessados na difusão de novas tecnologias, principalmente aquelas associadas a retornos crescentes de adoção, como também pelo lado da oferta, apoiando as iniciativas de construção de capacitação tecnológica. 
  Visando gerar um ambiente de condutas tecnológicas proativas, o Estado mescla vários instrumentos genéricos que afetam um grupo específico de agentes econômicos. Os instrumentos de intervenção constituem em: subvenção a projetos de alta densidade tecnológica, incentivos fiscais à pesquisa e desenvolvimento, financiamento em condições preferenciais para a inovação, compras do setor público e a disponibilidade de capital de risco para novos empreendimentos, além de medidas orientadas a garantir a propriedade privada do investimento tecnológico (patentes) e manter padrões técnicos (metrologia, padronização e qualidade). Adicionalmente, são extremamente importantes os investimentos e ações orientadas ao fortalecimento das instituições que compõem um sistema de inovação local ou nacional, especialmente institutos dedicados à investigação científica e tecnológica e à formação de recursos humanos de alto nível. 

   Diferenças das Políticas de Incentivo à Inovação

  Muitos estudos apontam que a falta de capacitação tecnológica no Brasil se deve pela falta da oferta de mão de obra especializada e baixa capacidade de fomentar atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Contudo, os motivos do baixo dinamismo tecnológico brasileiro requer que avaliamos não somente a oferta, mas também a demanda por recursos voltados ao esforços tecnológicos. Esta demanda reflete a necessidade dos agentes privados de desenvolver capacitações tecnológicas, buscando reforçar posições competitivas ou criar novos espaços de concorrência. No entanto, empresas que atuam em economias emergentes não conseguem alcançar melhores posições competitivas no mercado mundial a partir do desenvolvimento de capacitações para inovar. Dado que, normalmente elas iniciam suas atividades a partir do uso de tecnologias desenvolvidas em outros países, não dispondo sequer de capacidades tecnológicas básicas. 
  No Brasil, a política de incentivo à inovação foi bem-sucedida na criação de agências nacionais de fomento científico, como a formação de recursos humanos e a pesquisa acadêmica. Com isso, o Brasil se tornou visível no mapa da ciência mundial, registrando aumento significativo do número de publicações, saindo de 2 mil publicações por ano, em média, na década de 1980, para cerca de 7 mil em 1998. Entretanto, no mesmo período, sua participação no registro de patentes concedidos no escritório de patentes dos EUA que era praticamente nula (0,05%), após dez anos essa participação permaneceu inexpressiva (0,06%), no total de patentes concedidas pelo United States Patent and Trademark Office (USPTO).
  A comparação entre Brasil e Coreia do Sul, em relação ao número de patentes concedidas pelo USPTO ao longo de quatro décadas, indica o baixo desempenho inovador brasileiro (Gráfico 1). 


   Essa diferença expressiva, no total de patentes concedidas pelo USPTO,  que observamos entre o Brasil e os outros dois países (Coreia do Sul e China), sobretudo após a segunda metade da década de 1980, é reflexo do alto dinamismo inovador destes países. Na comparação entre o Brasil e a Coreia do Sul, ambos os países registravam menos que uma dezena de patentes no EUA, no inicio dos anos 1980. Porém, a partir da segunda metade da década o registro de patentes coreanas tem crescido exponencialmente, acompanhado pelo investimento empresarial em P&D, ao mesmo tempo que, no Brasil não houve alterações nos indicadores.
  Assim, apesar dos incentivos brasileiros para inovação terem sidos bem sucedidos para formação de recursos humanos e a pesquisa acadêmica. Podemos concluir que, no Brasil, grande parte dos pesquisadores com nível de doutorado, está concentrado nas universidades, uma vez que, as patentes são produtos típicos do ambiente empresarial e não tanto do ambiente acadêmico. 
A escassez destes profissionais no setor empresarial revela a ineficácia das politicas de ciências e Tecnologia (C&T) no Brasil, as quais não foram capazes de criar uma interface entre o ambiente empresarial e o desenvolvimento científico do país. Embora em países desenvolvidos as políticas de inovação “do lado da oferta” tenham sido adotadas para o desenvolvimento de infraestrutura de pesquisa, seus resultados são claramente diferentes quando comparados com os do Brasil. Isso deve-se ao fato de que, em países desenvolvidos e alguns em desenvolvimento (essencialmente os asiáticos), os empresários assumiram a direção no desenvolvimento tecnológico, ainda que com o apoio do Estado, para promover um esforço deliberado de competitividade internacional. 
  Para que o país consiga buscar inovação e competitividade, ele deve diagnosticar qual a distância das firmas em relação a seus concorrentes nos países tecnologicamente mais dinâmicos e promover as condições do ambiente competitivo que impulsionem as empresas a empregarem maiores esforços de inovação. Em suma, a política de inovação deve claramente trilhar um caminho pró-emprego. Estimulando os sistemas produtivos e inovadores, principalmente os que se diferenciam pela alta importância de inovações de produto, visto que, eles apresentam um efeito líquido positivo de geração de novos empregos. Combinando as necessárias políticas de inovação com outras que amorteçam a queda dos empregos.

Referências Bibliográficas 

KUPFER, David e HASENCLEVER, Lia. Economia Industrial: Fundamentos Teóricos e Práticos no Brasil. Rio de Janeiro/RJ: Elsevier, 2013.

MELO, Tatiana M.; FUCIDJI, José R.; POSSAS, Mario L. Política industrial como política de inovação: notas sobre hiato tecnológico, políticas, recursos e atividades inovativas no Brasil. Campinas/SP, 2015.





Redes

(por Marcus Marques, Roberta Franco Evers e Alexsandro Brum da Silva)

   O que é uma Rede de Empresas?


   
   O lema “A união faz a força” é concretizado na forma das Redes de Empresas, que apresentam uma solução viável para os pequenos negócios, na busca por competir em mercados cada vez mais globalizados e dominados pelos grandes conglomerados empresariais, aqui denominados de oligopólios (controladores de oferta/preço de venda) ou oligopsônios (ditadores de demanda/preço de compra).
   O conceito surge da experiência chamada “Terceira Itália” desenvolvida nas décadas de 50 e 60, com a criação de Distritos Industriais, que se tornaram modelos de pequenas empresas agrupadas em redes, em uma região afetada econômica e socialmente pelos problemas do período pós-guerra.
   A formação de redes de cooperação entre empresas busca focar esforços para possibilitar a redução dos custos, implantação de novas tecnologias, treinamento e desenvolvimento dos funcionários, inovações administrativas e principalmente a melhoria no atendimento.
   Os objetivos estratégicos para a formação de redes de cooperação são: 

  • Acesso a novos mercados, clientes e representantes; 
  • Ações de marketing;
  • Aprendizagem coletiva com o compartilhamento de informações, habilidades, competências e conhecimentos sobre soluções de problemas; 
  • Aumento do portfólio de produtos e economias de especialização; 
  • Credibilidade organizacional; 
  • Definição de marcas de qualidade;
  • Economias de escala por meio da ação coletiva; 
  • Facilitação do processo de inovação nos produtos, nos métodos de produção e na estrutura organizacional; 
  • Poder de barganha junto a fornecedores, clientes e demais instituições; 
  • Redução dos custos de transação, porquanto o aumento de confiança entre os parceiros reduz a incerteza e o comportamento oportunístico nas interelações.


As redes podem estar constituídas por vários tipos de alianças, que vão desde as mais formais como joint venture, até as mais simples, como a colaboração informal. Em termos de formalização, as redes podem ser estruturas em base contratual, ou ser de base não contratual (as redes de base não contratual são aquelas estabelecidas em função da confiança gerada). Esses distintos tipos de configuração são formatados pelo escopo que a rede pode ter. Isso significa que não há um tipo ideal de rede, mas diferentes tipos de situações podem levar a diferentes acordos e interações das empresas.

Quanto à estrutura de governança, as redes apresentam os seguintes modelos:


  • Modelo de Núcleo, onde uma empresa central (geralmente  uma  grande empresa)  determina  as  principais  diretrizes  da Rede  de  Empresas que  está  ao  seu  redor.
    Esse modelo também é conhecido por Rede Topdown e nele as micros, pequenas e/ou médias empresas tornam-se fornecedoras (ou ainda subfornecedoras) de uma grande empresa, conhecida como “empresa âncora”. Neste modelo, a autonomia de planejamento, estratégia e decisão é reduzida, mas as vantagens de participar de programas de desenvolvimento tecnológico, capacitação para gestão, melhoria de qualidade, e o "status" de ser um fornecedor de uma grande e renomada empresa podem trazer benefícios para as empresas menores.





  • Modelo de Anel sem Núcleo ou Rede Horizontal, neste  caso,  não  há  uma relação  de  dependência  ou  mesmo  a  existência de  uma  empresa núcleo.  As  empresas  simplesmente  unem-se  para defenderem  seus interesses  econômicos  e  políticos  em  uma  simetria de  poder. Geralmente  são  empresas  de  um  mesmo  setor  que  buscam competências complementares ou sinergia em suas ações. 






  • Modelo de Núcleo-Anel, neste modelo, embora exista a forte dependência da empresa âncora, as empresas menores que estão ao seu redor unem-se, articulam-se e estruturam-se por meio de um Empreendimento Coletivo, para obter melhores condições comerciais, ganhos de escala, aumento de produtividade, poder de barganha e negociação, troca de conhecimentos, entre outros. Esse modelo, além das vantagens para as próprias empresas “do anel”, pode proporcionar muitas vantagens para a empresa âncora e, consequentemente, ser por ela incentivado.





   As redes de cooperação entre empresas, quando conduzidas de forma adequada apresentam raras desvantagens, porém as dificuldades acerca da criação, operacionalização e gestão de redes, tornam elevado o número de uniões que se desfazem logo depois de nascer, ou que nunca conseguem atingir os objetivos desejados.
   Levantamentos feitos entre as empresas apontam as seguintes pontos de fragilidade, para insucesso das redes:

  • Gestão profissional;
  • Compras;
  • Cultura de cooperação;
  • Logística;
  • Recursos humanos;
  • Informatização/ Investimento em TIC;
  • Capacitação;
  • Marketing.









Fonte: 

NASCIMENTO, AVELINO e GOMES - Vantagens da Estruturação em Redes para a Gestão de Empresas: Estudo de Caso no Setor de Supermercados 

http://www.anpad.org.br/diversos/trabalhos/EnANPAD/enanpad_2004/ESO/2004_ESO633.pdf, extraído da obra de GOMES-CASSERES, B. Group versus Group: how Alliance Networks Compete. Harvard – Business Review , julho-agosto, p. 62-74, 1994. Acesso em 25 Jun. 2017

REDE DE EMPRESAS http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/serie-empreendimentos-coletivos-rede-de-empresas,3ec19889ce11a410VgnVCM1000003b74010aRCRD. Acesso em 25 Jun. 2017










Arranjo Produtivo Local

(por Roberta Franco Evers, Alexsandro Brum da Silva  e Marcus Marques)

   O que é um Arranjo Produtivo Local?


   
   O termo Arranjo Produtivo Local ou simplesmente APL, que é utilizado no Brasil, vem para substituir o termo em inglês “cluster”, que é mais utilizado internacionalmente. Ambos trazem como conceito o agrupamento de empresas e instituições que pertencem a um mesmo setor ou segmento de mercado, que estão perto geograficamente e tem o intuito de gerar competitividade e força econômica, porém, Luis Carlos Di Serio¹ e Jeovan de Carvalho Figueiredo² afirmam que nos clusters a ligação entre as empresas são mais intensas, há um alto nível de cooperação das empresas privadas que estão no conjunto para que todas se desenvolvam e menor presença do poder público. Já no APL há um maior envolvimento do poder público e de agências de fomento (No Rio Grande do Sul temos como exemplo de agência de fomento o BADESUL, Banco de Desenvolvimento do Estado do Rio Grande do Sul). O que podemos entender com relação a esta diferenciação é que um cluster é voltado mais a questão empresarial em si e o APL tem como foco as políticas públicas, por isso tem maior envolvimento do poder público.
  De acordo com o Grupo RedeSist³ e seus coordenadores, José Eduardo Cassiolato4 e Helena Maria Martins Lastres5, o conceito propriamente dito de APL é:


"Aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais – com foco em um conjunto específico de atividades econômicas – que apresentam vínculos mesmo que incipientes. Geralmente envolvem a participação e a interação de empresas – que podem ser desde produtoras de bens e serviços finais até fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria e serviços, comercializadoras, clientes, entre outros – e suas variadas formas de representação e associação. Incluem também diversas outras instituições públicas e privadas voltadas para: formação e capacitação de recursos humanos (como escolas técnicas e universidades); pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política, promoção e financiamento."
   Dentre as características dos APLs, podemos citar a intensa divisão de trabalho entre as firmas, a flexibilidade de produção e organização, especialização, mão de obra qualificada, competição entre firmas baseada em inovação, uma estreita colaboração entre as firmas e os demais agentes, intenso fluxo de informações, identidade cultural entre os agentes, relações de confiança entre os agentes, complementaridades e sinergias. Já com relação aos modelos dos agentes que formam os APLs podemos segmentar em: grupos de pequenas empresas ou pequenas empresas nucleadas por uma grande empresa ou associações/instituições de suporte, serviços, ensino e pesquisa de fomento, financeiras, etc. 

   De acordo com Cristina Ribeiro Lemos6, as características dos APLs podem ser classificadas como: 


Fonte: LEMOS, C. (1997).

Fonte secundária: SCHMITT, A. http://sistema.semead.com.br/16semead/resul tado /trabalhosPDF/92.pdf


  APL no Brasil

   Em agosto de 2004 foi criado o Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais – GTP APL, cuja atribuição é elaborar e propor diretrizes gerais para a atuação coordenada do poder público no apoio aos APLs. É coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior através da Coordenação-Geral de Arranjos Produtivos Locais que se trata de um órgão do Departamento de Competitividade Industrial do MDIC. Este grupo atua na realização e apoio aos eventos sobre o tema no país, participa dos eventos no país e internacionalmente, realiza oficinas de orientação aos núcleos estaduais, facilita o acesso a informação a estes núcleos estaduais, recebe, consolida e disponibiliza os planos de desenvolvimento, no desenvolvimento de um sistema de captação de informações dos núcleos estaduais sobre os APLs e no desenvolvimento de um sistema de encaminhamento e monitoramento das ações dos planos.
   O site do GTP APL informa que existem 790 arranjos no país. Em 2014, após a conclusão de um levantamento, existiam 667 arranjos, o que nos mostra que há um constante crescimento dos APLs pelo país. Este levantamento possibilitou a geração de relatórios segmentados por setor econômico, por unidade da federação e por instituição atuante na localidade. Abaixo a classificação dos núcleos estaduais de acordo com a quantidade de APLs cadastrados até o momento:



Fonte de Dados: http://portalapl.ibict.br/apls/index.html

APL no Rio Grande do Sul



Fonte de Dados: http://portalapl.ibict.br/apls/index.html

   Podemos citar como exemplo de um APL no Rio Grande do Sul, o chamado Polo de Moda da Serra Gaúcha. Integrado por 24 municípios da região e constituído atualmente por 11 entidades públicas e privadas da Serra Gaúcha e do Estado do rio Grande do Sul, o Polo de Moda visa otimizar a eficácia da infraestrutura técnica, tecnológica, produtiva e de suporte ao setor de moda da região. Sua missão é integrar, promover e desenvolver o setor de moda da Serra Gaúcha. Sua visão é ser instrumento fundamental e permanente de atualização e inovação do setor de moda na Serra Gaúcha. Suas políticas são: buscar, através da sensibilização, o engajamento das empresas do setor, agrupá-las por afinidade, visando o fortalecimento do APL; promover a expansão de mercado nacional e internacional; incorporar o design ao produto do setor; promover o desenvolvimento da gestão empresarial, tecnológica e do conhecimento e viabilizar recursos financeiros para o desenvolvimento de projetos. Seus valores são: respeito e ética nos relacionamentos; comunicação clara e precisa; comprometimento nas parcerias; valorização da identidade cultural; desenvolvimento sustentável e ênfase no mercado.
   O Polo de Moda atua em grupos de trabalho divididos nas áreas de Design, Marketing, Mercado, Projetos e Qualificação e Tecnologia. Estes grupos tem o objetivo de discutir as necessidades e apontar ideias e soluções para desenvolver o setor da moda da região, dentro dos focos de cada grupo. São formados por empresários do setor da moda, estudantes, profissionais da área, pesquisadores, professores, técnicos de órgãos públicos, entre outros.
   Em abril/2017 o APL lançou o primeiro marketplace coletivo de vestuário do Brasil, o Integramoda Marketplace, uma plataforma virtual para que as marcas integrantes do APL possam comercializar seus produtos direto ao consumidor final, on line e de forma simples. O Polo oferecerá treinamentos específicos para cada fabricante de acordo com o seu nível de conhecimento, para que estes possam administrar suas páginas dentro da plataforma. A plataforma está em fase de criação e o projeto foi desenvolvido em parceria com o Governo do Rio Grande do Sul.




¹ Luiz Carlos Di Serio - Graduado em Engenharia Mecânica pela UNESP, Mestre em Engenharia da Produção pela Marquette University/Milwaukee-USA e Doutor em Engenharia da Produção pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo. Estudou o impacto da Inovação na Competitividade no Pós-Doutorado pela FGV-EAESP. Seus interesses de pesquisa são a Estratégia e Gestão de Operações, Supply Chain Management, Gestão do Desenvolvimento de Produtos e Serviços, Competitividade e Inovação. Coordenador Adjunto do Fórum de Inovação desde 07/2013. Membro do Comitê Acadêmico ICCB - Instituto Capitalismo Consciente Brasil. Membro do Conselho de Curriculum do Programa MOC/ISC da Harvard.

² Jeovan de Carvalho Figueiredo - Graduação em Administração pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Mestre em Engenharia de Produção pela UFSCar e Doutor em Administração de Empresas pela FGV-EAESP. Atuou como professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV-EAESP e da FECAP. Foi Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação e Chefe da Coordenadoria de Relacionamento Universidade/Empresa (CRE-PROPP) da UFMS. Docente credenciado no mestrado profissional em Administração Pública em Rede Nacional (PROFIAP) da UFMS. É membro do Fórum de Inovação da FGV-EAESP, atuando na área de inovação para a sustentabilidade.

³ Rede de Pesquisa em Sistemas e Arranjos Produtivos e Inovativos Locais – É uma rede de pesquisa interdisciplinar, formalizada desde 1997, sediada no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e que conta com a participação de várias universidades e institutos de pesquisa no Brasil, além de manter parcerias com outras instituições da América Latina, Europa e Ásia.

4 José Eduardo Cassiolato - Economista pela Universidade de São Paulo, Mestre em Economia pela Universidade de Sussex, DPhil pela Universidade de Sussex, Pós-doutorado pela Université Pierre Mendes-France. Atualmente é professor associado 4 da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Coordenador da RedeSist, Diretor do Centro de Altos Estudos Brasil Século XXI e Secretário Geral de Globelics - Global Research Network on the Economics of Learning, Innovation and Competence Building Systems. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economia Industrial, atuando principalmente nos seguintes temas: inovação, tecnologia, sistemas de inovação, competitividade e indústria.


5 Helena Maria Martins Lastres – Economista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mestre em Economia da Tecnologia pela Coppe/UFRJ, Doutora em Desenvolvimento e Política de C&T&I pela Universidade de Sussex/Inglaterra e Pós-doutorado em Inovação e Sistemas Produtivos Locais pela Université Pierre Mendès-France/França. Pesquisadora e Professora-Associada ao Centro de Altos Estudos Brasil Século XXI e ao Programa de Pós-graduação do Instituto de Economia da UFRJ, onde ajudou a criar e coordenar a Rede de Sistemas e Arranjos Produtivos e Inovativos Locais, RedeSist. Foi Assessora do Presidente do BNDES onde chefiou a Secretaria de Arranjos e Sistemas Produtivos e Inovativos e Desenvolvimento Local; e coordenou o Comitê de Arranjos Produtivos e Desenvolvimento Regional, BNDES (de 2007 a 1016). Pesquisadora Titular do Ministério da Ciência e Tecnologia e do Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia da Informação (de 1980 a 2010). Principais áreas de interesse: economia e política de desenvolvimento e de C&T; economia da inovação e do conhecimento; arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais, desenvolvimento regional e territorial.

6 Cristina Ribeiro Lemos: Economista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e Doutora em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. É pesquisadora do Instituto Nacional de Tecnologia (INT/MCT), pesquisadora associada à RedeSist, do Grupo de Inovação do Instituto de Economia da UFRJ.







Fontes:

AGÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DE JUNDIAÍ E REGIÃO. Clusters. Disponível em: http://www.adej.org.br/clusters.asp. Acessado em: 18 Jun. 2017.
REDE DE PESQUISA EM SISTEMAS E ARRANJOS PRODUTIVOS E INOVATIVOS LOCAIS. Disponível em: http://www.redesist.ie.ufrj.br/. Acessado em: 21 Jun. 2017.
OBSERVATÓRIO BRASILEIRO DE ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS. Disponível em: http://portalapl.ibict.br/index.html. Acessado em: 21 Jun. 2017.
MASCENAI, K. M. C. DE; FIGUEIREDO, F. C.; BOAVENTURA, J. M. G.. Clusters e APL's: análise bibliométrica das publicações nacionais no período de 2000 a 2011. Disponível em: http://www.fgv.br/rae/artigos/revista-rae-vol-53-num-5-ano-2013-nid-47381/. Acessado em: 21 Jun. 2017.
LASTRES, H. M. M.; CASSIOLATO, J. E. Políticas para a promoção de arranjos produtivos e inovativos locais de micro e pequenas empresas: conceito vantagens e restrições do e equivoco usuais. Grupo Redesist, 2003. Disponível em: http://www.ie.ufrj.br/redesist/Artigos/LasCas%20seminario%20pol%EDtica%20Sebrae.pdf. Acessado em: 21 Jun. 2017.
CASSIOLATO, J. E; LASTRES, H. M. M. O foco em arranjos produtivos e inovativos locais de micro e pequenas empresas. Grupo Redesist, 2003. Disponível em: http://www.ie.ufrj.br/redesist/P3/NTF2/Cassiolato%20e%20Lastres.pdf. Acessado em: 21 Jun. 2017.
ASSOCIAÇÃO PÓLO DE MODA DA SERRA GAÚCHA. Disponível em: http://polodemoda.com.br/index.php. Acessado em: 22 Jun. 2017.
COLETIVA.NET. Plataforma e-commerce de Caxias do Sul reúne lojas virtuais. Redação Coletiva. Disponível em: http://coletiva.net/panorama/2017/04/plataforma-e-commerce-de-caxias-do-sul-reune-lojas-virtuais/. Acessado em: 24 Jun. 2017.
INSTITUTO DE ESTUDOS E MARKETING INDUSTRIAL. Primeiro Marketplace Coletivo de Vestuário do Polo de Moda da Serra Gaúcha. IEMI, 2017. Disponível em: http://www.iemi.com.br/primeiro-marketplace-coletivo-de-vestuario-do-polo-de-moda-da-serra-gaucha/. Acessado em: 24 Jun. 2017.
SCHMITT, A. O ARRANJO PRODUTIVO LEITEIRO INSERIDO NO ARRANJO PRODUTIVO ALIMENTÍCIO DA REGIÃO DO VALE DO TAQUARI – RS. Disponível em: http://sistema.semead.com.br/16semead/resultado/trabalhosPDF/92.pdf. Acessado em: 24 Jun. 2017.
CASSIOLATO, J. E.; SZAPIRO, M.; Uma caracterização de arranjos produtivos locais de micro e pequenas empresas (Publicado em Lastres, H.M.M; Cassiolato, J.E.e Maciel, M.L. (orgs) Pequena empresa: cooperação e desenvolvimento local (Relume Dumará Editora, Rio de Janeiro, 2003). Disponível em: http://www.ie.ufrj.br/redesist/P3/NTF2/Cassiolato%20e%20Szapiro.pdf. Acessado em 24 Jun. 2017.
LEMOS, C. “Notas preliminares do Projeto Arranjos Locais e Capacidade Inovativa em Contexto Crescentemente Globalizado”. IE/UFRJ, Rio de Janeiro, mimeo, 1997.
FIGUEIREDO, J. C; DI SERIO, L. C. Estratégia em clusters empresariais: conceitos e impacto na competitividade. In: DI SERIO, L. C. (Org). Clusters empresariais no Brasil: casos selecionados. São Paulo: Saraiva, 2007.   
   





Cluster

(por Alexsandro Brum da Silva, Roberta Franco Evers e Marcus Marques)

   O que é um Cluster?


   
   Cluster é uma palavra oriunda da língua inglesa, que em português pode ser interpretada como "um grupo de atividades ou coisas semelhantes e que se desenvolvem em conjunto", visto que a mesma não possui nenhuma correspondente precisa em nossa língua. Nas ciências econômicas,para  alguns autores, não é fácil a missão de definir exatamente o seu significado.

  Segundo Michael Porter,  o cluster é um conjunto de empresas e instituições relacionadas, pertencentes ao mesmo setor ou segmento de mercado, que estão perto geograficamente e trabalham juntas para serem mais competitivas.





    Em outras palavras, o cluster de negócios equivale a um grupo de empresas com uma mesma atividade e estratégias em comum, ligadas para prover e servir umas às outras, organizando-se em redes verticais ou horizontais com a finalidade de alçar seus níveis de produtividade, competitividade e rentabilidade.  As redes horizontais em sua maioria são criadas com acordos de longo prazo entre empresas de um mesmo setor, originando uma aliança estratégica. Já as redes verticais envolvem diferentes entidades da cadeia de fornecimento (fornecedor, fabricante, distribuidor, etc).



E quais as vantagens de um cluster ?   

A figura abaixo traz as principais vantagens para as empresas ao adotarem essa forma de organização:






Mundo a fora ?   

Existem grandes clusters espalhados pelo mundo e dentre grandes casos de sucesso, podemos citar:


Estados Unidos:

Na Califórnia, na região conhecida como Vale do Silício encontra-se o maior cluster tecnológico do mundo. Nele nasceram várias empresas de tecnologia e muitas estão presentes até hoje. Das empresas que ainda possuem suas sedes lá,  podemos citar Apple, Facebook, Google, Intel, HP, Netflix, entre outras.   
Ainda nos Estados Unidos, Hollywood pode ser utilizada também como exemplo bem conhecido de cluster, sendo este  a  base da indústria cinematográfica mundial.

Espanha:

O BioRegió é um cluster de tecnologias ligadas a àrea da medicina , assim como da biociência, instalado na Catalunha.  O mesmo é composto pela integração de hospitais (15), universidades (12) e empresas (481) atuantes em variados segmentos da indústria biocientífica (nanomedicina, farmácia e agroindustria).

Alemanha:

No sudoeste da Alemanha está instalado o cluster de   Baden-Württemberg. Integrado por 620 companhias, suas atividades predominantes estão ligadas aos mercado de eletroeletrônicos,  ferramentas e máquinas, contemplando também a indústria automotiva e de energia. Além disso, conta com parceiros como institutos de pesquisa e universidades focadas em inovação e criação. Grandes indústrias mundiais (Michelin e Bosch por exemplo) e  sucursais estrangeiras (IBM e SEL por exemplo) também compõe este cluster.

Itália:

O Clube Mecatrônico italiano é composto por  300 empresas, que desenvolvem maquinário e ferramentas para os mais diversos setores: agropecuário, automotivo, doméstico, industrial, robótico e aplicações domésticas, e etc..

Brasil:

No Brasil, até meados de 2005 a ideia de cluster ainda estava sendo absorvida pelo mercado local. Em uma entrevista concedida a revista exame em 2004 (Estratégias para o Brasil), Michael Porter afirma que : "Para ser produtiva, a empresa precisa de um cluster. Precisa de fornecedores que possam trabalhar com ela todos os dias, precisa de prestadores de serviço, de escolas que treinem pessoas para seu negócio. Não dá para fazer tudo simplesmente importando os produtos de que necessita. É preciso uma massa crítica que forme um cluster. Hoje, há clusters no Brasil, os calçados são um excelente exemplo. Muitas pessoas no Brasil falam sobre a indústria aeroespacial por causa da Embraer. Não a considero um cluster, mas sim uma companhia. Talvez haja um pequeno cluster surgindo a seu redor. Há alguns clusters no agronegócio bastante competitivos e produtivos. Mas acho razoável dizer que o conceito de cluster, de empresas que veem a si próprias como parte de clusters e trabalham de forma proativa para aumentar sua eficiência, é algo que ainda não se firmou no Brasil. E vai ter de se firmar, porque sabemos, pelo exemplo das economias realmente avançadas, que os clusters são o ponto de onde vêm a inovação e os rápidos níveis de aumento da produtividade".

No Brasil, o cluster também é conhecido como Arranjo Produtivo Local (APL), porém existem algumas diferenças em suas reais definições, as quais que serão abordadas no próximo tópico. Dentre os clusters do Brasil podemos citar, por exemplo,  o de Tecnologia da Informação em Recife e Londrina (este com participação do IFPR), o  de empresas que atuam no setor de saúde em Belo Horizonte, e o de Ribeirão Preto que atua com equipamentos hospitalares e odontológicos. 



Abaixo, segue um vídeo com mais algumas definições e abordagens sobre o assunto.






Fontes:

BASTOS, ERCILIA. O que são Clusters? . Disponível em : https://www.portal-gestao.com/artigos/7688-o-que-s%C3%A3o-clusters.html Acesso em:  17 Jun. 2017
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÂO SOCIAL DO MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDUSTRIA e COMERCIO EXTERIOR. Exemplos de clusters bem-sucedidos no Brasil e na Europa são apresentados em workshop. Disponível em http://redeaplmineral.org.br/noticias/exemplos-de-clusters-bem-sucedidos-no-brasil-e-na-europa-sao-apresentados-em-workshop Acesso em:  17 Jun. 2017
WIKIPEDIA. VAle do Silício. Disponível em : https://pt.wikipedia.org/wiki/Vale_do_Silício Acesso em:  17 Jun. 2017
KLUESENER, CHRIS. Silicon Valley: Risk is the reward Disponível em https://openinnovationcentral.com/2014/08/30/silicon-valley-risk-is-the-reward Acesso em:  17 Jun. 2017
IMPULSOS REGIOS. Sabes qué es un Clúster Empresarial? Disponível em https://impulsoregio.wordpress.com/tag/clusters/ Acesso em:  17 Jun. 2017

domingo, 25 de junho de 2017

Economia em Escala e Aglomerações Produtivas

(por Alexsandro Brum da silva, Roberta Franco Evers e Marcus Marques)

    Nas postagens iniciais de nosso blog um dos temas abordado foi a economia em escala. No post foi visto que a mesma ocorre “quando através da organização do processo produtivo, buscando o máximo aproveitamento dos recursos envolvidos, consegue-se reduzir os custos de produção e incrementar os bens produzidos. Em outras palavras, fazer mais com menos.”.
   A economia em escala pode ser dividida em economia real, quando produzimos mais com a mesma quantidade de insumos, e economia pecuniária, quando o preço pago pelos insumos diminui na medida em que aumentamos a quantidade comprada. E esse é justamente nosso foco.
   Digamos que eu tenha uma empresa com um enorme espaço físico de armazenamento, e com uma constante circulação de mercadorias.   Nesse caso, seria fácil entrar em contato com o fornecedor e negociar uma quantidade maior de insumos, barganhando assim o preço a ser pago pelo mesmo.
     Mas, e se não houvesse essa disponibilidade de espaço físico para o estoque? E se minha empresa almejasse o crescimento, mas ainda não possuísse capacidade de efetuar uma compra tão grande sem assumir os riscos de uma mercadoria encalhada ao final do período?


     Talvez haja uma solução.  Talvez se minha empresa, em conjunto com outras empresas do ramo se unisse pra fazer essa compra, dividindo assim o estoque comprado. E melhor ainda se essas empresas pertencerem mesma região tendo uma proximidade física, facilitando a comunicação. Trabalharíamos juntas para o crescimento de todos



   Essa perspectiva de crescimento em conjunto fomentou a criação das aglomerações produtivas.
    As aglomerações produtivas podem ser definidas em linguagem coloquial como "aglomerações geográficas de atividades econômicas, cujas empresas operam em mesmos setores ou em setores relacionados".
  Nos próximos tópicos estaremos abordando alguns modelos dessas aglomerações.


Fonte:
TEIXEIRA, SILVANA. Aglomerações produtivas: o que são e como funcionam? . Disponível em: https://www.cpt.com.br/cursos-gestaoempresarial/artigos/aglomeracoes-produtivas-o-que-sao-e-como-funcionam Acessado em: 24 Jun. 2017



domingo, 18 de junho de 2017

Política Ambiental

(Por Gustavo Araujo, Rafael Guimarães e Thaís Agarrallua)


Nos dois últimos séculos, ou seja, da revolução industrial até os dias de hoje. O mundo passou por grandes transformações e com grande impacto ao meio ambiente. Tal impacto gerado sobretudo, deve-se principalmente de duas particularidades: expansão urbano-industrial e crescimento populacional e de consumo. Por conta deste dano gerado ao meio ambiente é que foram criadas ações ordenadas e práticas tomadas por empresas e governos com o objetivo de preservar o meio ambiente e garantir o desenvolvimento sustentável do planeta, ou seja, as Políticas Ambientais.
A mudança no modo de vida das grandes cidades e a industrialização em constante expansão acabaram por gerar grandes quantidades de lixo, como também, a produção industrial geradora de gases e outros dejetos poluentes impactaram o meio ambiente. Juntamente, o crescimento populacional aumentou de maneira exacerbada e, consequentemente, o consumo para suprir as necessidades desta sociedade, teve um aumento exponencial, requerendo cada vez mais a retirada de recursos e produtos da natureza, onde os impactos foram inevitáveis.
Na tentativa de discutir e buscar soluções para os problemas gerados, a Organização das Nações Unidas (ONU) começou a estimular soluções para solucionar as questões ambientais, as conferencias internacionais. A primeira conferência internacional sobre meio ambiente se deu em 1972 em Estocolmo, capital da Suécia. Onde contou com a presença de mais de 100 países. Nesta conferencia foram discutidas questões ambientais e principalmente as mudanças e transformações que impactaram o mundo, surgindo também o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), sendo até hoje o órgão mais importante de discussão e soluções para os problemas ambientais em escala mundial.
 A conferência de Estocolmo permitiu que foram criadas outras reuniões internacionais para a discussão dos impactos ambientais causados pela evolução humana. Como em 1987, o Protocolo de Montreal, que tratou principalmente sobre o buraco na camada de ozônio. Outra conferencia relevante foi a Eco – 92, realizada em 1992 no Rio de Janeiro, onde foi criada a agenda 21, proporcionado objetivos a serem alcançados para o século 21, para encontrar um equilibro no ponto de vista ambiental. Também teve em 1997 o Protocolo de Kyoto, realizado no Japão, reunião onde foram discutidos os problemas do aquecimento global e do efeito estufa. A conferencia mais recente ocorreu novamente na cidade do Rio de Janeiro, a conhecida Rio + 20, na qual seu objetivo era rever os acordos firmados nas conferencias anteriores e buscar, também, mudanças na sociedade, economia e meio ambiente, ampliando as ações de desenvolvimento sustentável.
Diante dessas conferencias foram criados outros organismos de âmbito mundial, porém, não governamentais, ONGs especializadas a conscientização e ajudar na redução dos impactos gerados pela sociedade, pessoas, governo, industrias. 


Atualmente, quase todos os governos e grandes empresas possuem políticas ambientais. Além de mostrar para os cidadãos e consumidores quais são os princípios ambientais seguidos, as políticas ambientais servem para minimizar os impactos ambientais gerados pelo crescimento econômico e urbano. Estas políticas são, portanto, fundamentais importantes instrumentos para a garantia de um futuro sustentável para a vida de toda a espécie humana.

Desenvolvimento sustentável, Economia Ambiental e Economia Ecológica

(Por Gustavo Araujo, Rafael Guimarães e Thaís Agarrallua)


  • Desenvolvimento sustentável


 Desde o início da revolução industrial, a quantidade de poluentes produzida se deu de forma crescente e ininterrupta, comprometendo cada vez mais a qualidade do meio ambiente. Como demonstrado na publicação anterior, onde a interação humana chegou a um nível onde o homem se tornou superior a natureza. Diante dos problemas ambientais gerados, como: escassez de água, o aumento da população urbana no mundo e, consequentemente o aumento do consumo, a péssima qualidade do ar, os desmatamentos, as desertificações de algumas regiões no planeta, o aquecimento global, entre outros problemas ambientais, demonstram claramente o quanto é necessário equilibrar esta relação tão delicada.
O equilíbrio dessa relação entre crescimento econômico e meio ambiente é chamado de Desenvolvimento Sustentável, termo constituído em 1988 no Relatório Brundtland, intitulado “Nosso Futuro Comum”, elaborado pela Comissão Mundial do Meio Ambiente. Onde visa um desenvolvimento que satisfaça as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades da geração futura, ou seja, não deixar faltar recursos para a população futura.
Neste âmbito do desenvolvimento sustentável, as opiniões se dividem em dois pontos: Economia Ambiental e Economia Ecológica.

  • Economia Ambiental


 Na Economia Ambiental, demonstra que os recursos naturais não limitam a expansão econômica. No início de sua aplicabilidade os recursos não eram mostrados nas apresentações analíticas da realidade econômica.
Somente após críticas que houve a adição destes dados nas análises econômicas com função de produção, porém mantendo uma forma de substitubilidade perfeita entre os outros fatores de produção, capital e trabalho. Ou seja, os recursos naturais poderiam ser substituídos pelo capital ou trabalho (tecnologia).
Assim, estes recursos não representam uma restrição à expansão, mas uma restrição relativa, superável pelo progresso tecnológico e mercado. No caso de insumos ambientais (bens naturais transacionados no mercado), a medida que um recurso se tornava escasso, haveria a necessidade de aumentar seu preço, induzindo a necessidade de inovações para poupar este recurso; e no caso de serviços ambientais públicos (ar, agua, ciclos bioquímicos, etc.), onde existe uma falha por serem bens não transacionais no mercado, é necessário um controle para intervir no preço à medida que a escassez aumenta.

  • Economia Ecológica


 Diferentemente da Economia Ambiental, a Economia Ecológica coloca o sistema econômico sendo como um subsistema da natureza, ou seja, o conjunto dos fatores de produção impõem uma restrição absoluta para o crescimento econômico. Os fatores não são dados isolados, cada um complementa o outro.  Destacando o progresso cientifico e tecnológico sendo fundamental para o aumento da eficiência dos recursos gerais (renováveis e não-renováveis).
A questão é como fazer com que a economia funcione considerando a existência desse limite. Na visão da Economia Ambiental, é realizar o ajuste dos recursos utilizando tecnologia ou as regras de mercado substituindo os produtos escassos por outros ou elevando seus preços. Porém na visão ecológica é criando uma escala sustentável. Assim é que ela transcende da sua esfera até outras ciências na procura de um melhor entendimento de quais são os processos biológicos e físicos que permitam entender melhor quais são os limites da sustentabilidade.
Atividades econômicas podem ser encorajadas em detrimento da base de recursos naturais dos países. Desses recursos depende não só a existência humana e a diversidade biológica, como o próprio crescimento econômico. O desenvolvimento sustentável sugere, de fato, qualidade em vez de quantidade, com a redução do uso de matérias-primas e produtos e o aumento da reutilização e da reciclagem.

A história da interação humana com o meio ambiente

(Por Gustavo Araujo, Rafael Guimarães e Thaís Agarrallua)



Este primeiro texto visa trazer como se deu a relação do homem com o meio ambiente. Demonstrando os principais períodos que trouxeram a evolução do contato entre a espécie humana com a natureza e o surgimento das políticas ambientais para proteção e preservação do ecossistema.
Desde os primórdios sempre houve uma interação de maneira evolutiva – isso não significa um benefício ou malefício, e sim, a intensidade do contato estava em gradativo crescimento – entre o ambiente e a espécie humana. Tal relação inicia semelhantemente a dos animais que viviam juntamente com os seres humanos, uma política extrativista, tudo que a natureza produzia e oferecia era retirado até a extinção e, após, procuravam-se novos lugares para iniciar a extração, novamente, dos recursos que dispunha naquele local.
As diferenças entre a interação ambiental dos animais com o homem começaram a surgir após o controle do fogo, criando assim as distinções e definido o grau de racionalidade do ser humano. A utilização do fogo para cozinhar os alimentos, aquecer o local, proteção das famílias, entre outras atividades, fizeram com o que os grupos hominídeos deixassem a característica nômade e passassem a permanecer longos períodos em um mesmo território, assim, dando a oportunidade do aprendizado para atividades agroeconômicas.
Com o surgimento das atividades agroeconômicas, principalmente pela agricultura, há um salto decisivo na interação com o meio-ambiente. Iniciou-se a grande exploração da terra, níveis de desmatamento em grau elevado para a realização do plantio e outras atividades, como pecuária. Enquanto a interação com o meio ambiente se tornava cada vez mais evoluída a espécie humana evoluiu juntamente com este contato, da sobrevivência para as operações mercadológicas. Surgindo assim a supremacia da vontade do homem em relação a natureza.
Enquanto as atividades agroeconômicas estavam se destacando em grandes áreas do globo terrestre, surgiu as Revoluções Industriais. Onde temos um novo salto de interação humana com a natureza. Este período ficou marcado por provocar grandes danos ambientais, no uso intensivo de grandes reservas de energias não renováveis, como petróleo e os combustíveis fósseis.
Com os grandes danos ambientais que surgiram com as Revoluções Industriais, foram criados diversos organismos nacionais e internacionais para proteção e preservação do meio-ambiente, WWF, Greenpeace, ONU (Organização das Nações Unidas), MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) entre outros. Preocupados pelos danos causados pela sociedade humana para com a biodiversidade do planeta. Afim de criar um equilíbrio entre a natureza e a espécie humana.


Após diversos tipos de interação com o ecossistema, fora necessário a criação de medidas para a preservação e criação de um equilíbrio do meio ambiente com as capacidades econômicas da sociedade. Este feito recebe o nome de Política Ambiental, onde estaremos explicando nas próximas publicações o que é e como funciona essa atividade tão importante para o planeta.  

Fontes: THOMAS,  Janet & CALLAN, Scott. Economia Ambiental: aplicações, políticas e teoria. Trad. Antonio Claudio Lot. São Paulo: Cengage Learning, 2010.
ROMERO, Ademar R. Economia ou economia política da sustentabilidade, Texto para discussão. IE/UNICAMP n. 102, set. 2001.
LOYOLA, Roger G. A Economia Ambiental e a Economia Ecológica: Uma Discussão Teórica. S.D.
ARBACHE, Ana P. O Que É Economia Ambiental E Economia De Recursos Naturais?. 2012. Disponível em: <http://www.arbache.com/blog/2012/07/o-que-%C3%A9-economia-ambiental-e-economia-de-recursos-naturais.html> Acesso, 09/06/2017.

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Desafios da política industrial

(por Diogo Machado, Leonardo Souza e Luizvaldo Kroll Bujes)

  
    Uns dos grandes desafios para aplicar uma política industrial eficiente é identificar os setores que apresentam um elevado retorno social. Ou seja, nem sempre investir nos setores de alta tecnologia e inovação, é a melhor opção. Se sairmos da visão neoschumpeteriana para uma visão mais prática — no qual todos os setores são incentivados e contam com algum suporte do governo. Essa mudança é para justificar uma política industrial em uma economia com estrutura industrial diversificada como a brasileira. O dilema é optar por uma política industrial voltada à setores de inovação ou uma política mais pragmática e abrangente, envolvendo vários setores da indústria de um país. As políticas industriais modernas vem encontrando essa dificuldade não somente no Brasil, mas em toda América Latina. Ademais, políticas industriais para serem eficientes levam algum tempo para se desenvolver e retornar os resultados esperados para sociedade, o que normalmente ocorre a longo prazo, mas o que vemos nas políticas atuais são exigências de mostrarem resultados no curto prazo e no ciclo eleitoral. E os próprios setores podem influenciar onde os incentivos serão alocados, através de lobby. Como todos querem uma fatia maior do montante à ser disponibilizado, estão dispostos a gastar para convencer políticos e gestores a lhes conceder tais benefícios. Nesse cenário, os empresários terão mais interesse em estabelecer pactos com políticos, ao invés de investir em inovação e adotarem técnicas mais modernas, que levariam a ganhos de eficiência. 

A força de políticas industriais ineficientes

Investir em setores sem um alto retorno social pode gerar efeito contrário ao desejado: custos maiores que benefícios e redução de eficiência da economia. É comum vermos casos de empresas que são apoiadas pelo governo e que, dificilmente, se encaixariam na definição da política industrial. Há, por exemplo, setores tradicionais e estabelecidos há um bom tempo que não são particularmente inovadores ou que poderiam se encaixar na definição de indústria nascente. E, mesmo assim, recebem ajuda do governo. Isso acontece porque a política industrial tem efeitos distributivos e há, portanto, ganhadores e perdedores. Quem ganha com esses estímulos dados pelo governo? As pessoas associadas ao setor incentivado: empresários do setor aumentam seus lucros e trabalhadores com habilidades específicas ao setor têm ganhos salariais. Os ganhos são concentrados em um conjunto pequeno de pessoas, que estarão dispostas a gastar tempo e dinheiro para pressionar políticos a levar a política em frente. Esse grupo também tende a ser homogêneo, isto é, seus interesses são alinhados, de modo que terão mais facilidade em se organizar para influenciar na escolha de políticas públicas.
As perdas associadas à política industrial, no entanto, são espalhadas em um grupo bem maior. No caso da política ser realizada via subsídio a um setor em específico, o dinheiro do subsídio tem que vir de algum lugar - em geral, vem da arrecadação de impostos. O custo da política, portanto, recai sobre os contribuintes, um grupo bem maior e espalhado. E como há um grande número de contribuintes, o custo individual tende a ser pequeno. Neste caso, o grupo beneficiado tem todo o incentivo do mundo a lutar por sua implementação e manutenção. Mas o grupo prejudicado, apesar de mais numeroso, é bem heterogêneo e tem dificuldades de se organizar para barrar essas políticas. Algumas pessoas sequer ficam sabendo da existência delas. E como a perda individual tende a ser pequena e espalhada, elas têm pouco incentivo individual a lutar contra tais políticas.
O resultado disso tudo são políticas ineficientes que persistem por um longo tempo.


“Para aumentar sua efetividade, a política industrial deve operar através da concessão de benefícios por prazos limitados, condicionados ao cumprimento de metas de desempenho e contrapartidas por parte dos beneficiários do apoio público“ (KUPFER, 2003, p.106).

“O sucesso da política industrial dependerá crucialmente da habilidade do Estado em direcionar capital para as atividades selecionadas, para o que a proficiência no desenvolvimento de um sistema de financiamento de longo prazo para o investimento joga papel decisivo” (KUPFER, 2003, p.106).

“Não se pode esquecer que os recursos para fazer política são limitados e os processos decisórios são carregados de racionalidade limitada. Por lidar com o longo prazo, a política industrial opera ela própria sob incerteza, fazendo da existência da uma institucionalidade altamente capacitada talvez o mais importante requisito para o seu sucesso” (KUPFER, 2003, p.107).

Referências Bibliográficas 

KUPFER, David. Revista Econômica: Política Industrial. Rio de Janeiro/RJ —2004.
Texto para Discussão n° 1452, Desafios da Real Política Industrial Brasileira do Século XXI. Brasília, dezembro de 2009.