(por Cristina Nunes, Isolete Nunes, Marina Miola)
Quando se fala em competitividade, o pensamento comum é aquele praticado pelas indústrias tradicionais, onde as relações inter-industriais eram raras ou inexistentes e os avanços tecnológicos, tão substanciais para a indústria, eram desenvolvidos de forma individualizada e cercados de segredos e intangibilidade. Porém na década de 1990, com a crise do paradigma de organização da produção, esse conceito entra em voga.
Com a urgência, principalmente, de melhores desempenhos tecnológicos surge a necessidade da cooperação inter-industrial, alterando a ideia antes existente de competitividade. Começa a se pensar que para um melhor desempenho competitivo deve centrar-se principalmente na investigação das relações entre as empresas e entre essas e as demais instituições.
Essa estrutura de cooperação denomina-se rede, que tem por seu conceito básico: “um conjunto de pessoas ou organizações interligadas direta ou indiretamente e tem como princípios fundamentais a interação, o relacionamento, a ajuda mútua, o compartilhamento, a integração e a complementaridade”.
A relevância deste conceito de estruturas em rede decorre da sua capacidade em captar a crescente sofisticação das relações interindustriais que caracteriza a dinâmica econômica contemporânea. Diversas tendências relacionadas no padrão evolutivo das principais economias capitalistas reforçaram a relevância dessa temática, tais como:
1. A consolidação de um paradigma organizacional baseado na experiência de empresas japonesas, incorporando novos princípios gerenciais que enfatizam a cooperação interindustrial nas articulações entre produtores e fornecedores.
2. A estruturação de sistemas produtivos que incorporam o conceito de especialização flexível enquanto princípio organizador das atividades
3. A intensificação da concorrência e a globalização dos mercados, que resulta em estímulos à montagem de alianças estratégicas com múltiplos formatos entre empresas.
4. A consolidação de um paradigma tecnológico baseado em novas tecnologias de informação e telecomunicação que facilitem a interação entre agentes.
5. A evolução no sentido de uma nova sistemática de realização de atividades inovativas, crescentemente baseadas na aglutinação de múltiplas competências e em projetos cooperativos de caráter interdisciplinar.
6. A mudança de enfoque da política industrial implementada em diversos países, no sentido de privilegiar-se o apoio a redes envolvendo diversas empresas, em contraposição ao apoio a empresas isoladas.
Uma rede é composta por 4 componentes básicos:
- Nós – Podem ser representados por uma empresa ou atividade entre empresa
- Ligações – Conexões entra as empresas
- Posições – Conjunto de relações estabelecidas com os outros autores da rede
- Fluxos - que circulam pelos canais de ligação entre os nós.
Elementos das Redes de Empresas:
As redes são concebidas como produto das estratégias adotadas pelos agentes nelas inseridos, que induzem o estabelecimento de relacionamentos sistemáticos entre eles. Torna-se possível captar a conformação da estrutura a partir da análise das estratégias de relacionamentos dessas empresas, as quais se refletem na formação de alianças estratégicas com outros agentes.
A consolidação de estruturas em rede conectando diferentes empresas muitas vezes surge a partir da formação de alianças estratégicas pontuais entre elas. Estas alianças envolvem acordos formais e informais entre empresas que permitem um intercâmbio de informações e uma aglutinação de competências, associando-se a estruturação de arranjos cooperativos que permitem aos agentes explorar oportunidades tecnológicas e mercadológicas promissoras.
Fonte:
KUNPFER, David; HASENCLEVER, Lia. Economia Industrial: Fundamentos Teóricos e Práticos no Brasil, 2002
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