quinta-feira, 6 de julho de 2017

Fronteiras Verticais

(por Michele Pereira e Vivian Silva)



    Concluindo nossos artigos referente as fronteiras verticais, trouxemos uma entrevista publicada na revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios em 16/10/2015, com o título: “Para diminuir custos, empresas levam produção para dentro de casa.”
   Como parte desse movimento, há companhias apostando na verticalização e assumindo processos que antes estavam nas mãos de terceiros. 
   Se cortar custos e aumentar a produtividade já era parte da estratégia das empresas brasileiras, na crise essas duas metas viraram um mantra, repetido exaustivamente por empreendedores e executivos. Como parte desse movimento, há companhias aumentando suas apostas na verticalização e levando para dentro de casa processos que antes estavam nas mãos de terceiros. 
  Outras já estavam com projetos engatilhados há mais tempo e estão se beneficiando agora dos ganhos de margem que em momentos de retração, podem fazer a diferença. É o caso, por exemplo, da divisão de agronegócios da Algar, que responde a 43% da receita do grupo mineiro. 
   Em setembro, a empresa encerrou o contrato com fornecedora de embalagem para o óleo de soja e passou a fabricar internamente, depois de investir R$ 40 milhões em uma fábrica, que tem capacidade de produzir 25 milhões de unidades por mês. 
   Quando esse projeto começou o sentimento de crise ainda não era tão profundo como é hoje, mas digamos que foi tudo providencial. Diz Murilo Braz Santana, CEO da Algar Agro. “Em momentos de baixo crescimento, o mercado não está disposto a dar margem e remunerar com preço. É preciso fazer a tarefa dentro de casa.”
   Embora não revele quanto conseguiu economizar a mudança, SantAnna ressalta que a embalagem representa 25% do custo do produto. Outra companhia que também está buscando fazer mais dentro de casa é a fabricante de biscoitos e massas M. Dias Branco.
   A empresa investiu R$ 250 milhões no primeiro semestre deste ano, valor que contemplou a construção de dois novos moinhos de trigo e aquisição de outra unidade. Na divulgação de resultados do segundo trimestre, a indústria informou que 78,1% da farinha consumida pela companhia é produzida em moinhos próprios, índice que era de 72,4% no mesmo período do ano passado. Para gorduras, o percentual aumentou de 59,9% para 92,5% mo mesmo período. 
   A empresa informou, em relatório trimestral, que a maior verticalização da produção trouxe reduções de custo. “É uma vantagem competitiva para as fabricantes de biscoitos serem donas de moinho. Elas têm controle do preço da matéria-prima e têm custo mais competitivo”, explicou o presidente da consultoria de gestão Naxentia, Vincent Baron.
   Na pequena cidade de Pomerode, em Santa Catarina, a alemã Netzsch Moagem investiu R$ 20 milhões para produzir internamente peças que eram obtidas com um grupo de cerca de 50 fornecedores. Agora, a fábrica onde estão produzidos equipamentos para a indústria de alimentos, de tinta e para agronegócios, tem 9,5 mil m² - área que é três vezes maior que a original. “ O investimento foi feito para reduzir custos e aumentas o controle da empresa sobre a qualidade do produto”. afirmou o diretor geral da empresa, Giuliano Albiero. 
Nosso custo de produção caiu 8%.” Antes da inauguração da fábrica, em julho, entre 70% e 80% das peças eram feitas em fábricas de parceiros. Hoje esse número caiu para cerca de 30%. O prazo médio de produção caiu de quase quatro meses para dois meses com a verticalização.
Albiero destaca, no entanto, que não vale a pena para a indústria produzir todas as suas peças, “Nosso negócio é suscetível à economia. Se aumentamos a capacidade, temos de sustentar essa estrutura mesmo se não houvermos demanda.”
   A 30km de Pomerode, em Jaraguá do Sul, a fabricante de motores WEG já adota essa estratégia há muito tempo. No passado, a empresa já teve de produzir tudo que fosse possível dentro da casa, por falta de fornecedores na região. “Hoje é uma estratégia. Tudo que tem tecnologia e podemos agregar valor fazemos na nossa fábrica”, disse o diretor superintendente da WEG Motores, Luis Alberto Teifensee. 
   Ele explica, no entanto, que a empresa precisa de escala para viabilizar a produção dos componentes internamente. Assim, algumas de suas subsidiárias nascem abastecidas por fornecedores locais e, só depois que o negócio ganha escala, a companhia investe na verticalização.   

Abaixo vídeo sobre a verticalização na empresa Algar Agro referente a produção de embalagem de óleo:



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